Pesquisa personalizada
Alguma pergunta?

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Loucura




É interessante o efeito que as palavras ou o silêncio tem sobre os seres humanos. A forma como as palavras são proferidas. A interpretação que damos à elas. E no caso do silêncio o jeito como ele se instaura.

Tanto o silêncio quando as palavras podem levar alguém à um estado de paz ou ao caos total. Infelizmente minha última experiência foi um caos.

Ouvi as palavras berradas por alguém que me é de grande importância. Palavras que eram cuspidas como balas de canhão. Eu acabara de acordar. Não havia dormido no dia anterior. Estava apenas tirando um cochilo de meia hora para me preparar para um compromisso que tinha com tal pessoa.

Fiquei parado ouvindo as palavras e sentindo a raiva que havia nelas, fingindo estar dormindo. Ele se foi. E eu não consegui mais dormir. Comecei a chorar em silêncio, ainda na cama. Repeti as palavras em minha mente e ouvi o silêncio de outra fonte. Foi o suficiente. Me levantei, peguei minha bicicleta e disparei contra a forte chuva que caía do lado de fora.

O cenário perfeito para uma crise.

Lágrimas e chuva unindo-se em uma só água. Descendo pelo meu corpo como uma torrente, levando embora com ela toda a minha sanidade. Deixando para trás um turbilhão de emoções.

A chuva apertou. Meu corpo estava completamente encharcado. Eu mal me dava conta do que se passava a minha volta. As gotas de chuva, que mais pareciam pedras, não me incomodavam em nada. Não conseguia enxergar um palmo a minha frente, mas ainda assim acelerei o máximo que pude, mantendo a velocidade até não sentir mais minhas pernas.

Me joguei contra os carros que corriam nos cruzamentos, me desviando deles como se fosse a coisa mais natural do mundo. Contornava os poucos pedestres que cruzavam o meu caminho sem diminuir o ritmo. Atravessava qualquer obstáculo que aparecia como se ele simplesmente não existísse.

Quando ja começava a voltar para casa, tendo em meu caminho apenas uma reta cheia de subidas e descidas, um relâmpago iluminou o céu cegando-me por alguns segundos, enquanto o barulho ensurdecedor do trovão que veio na mesma fração de segundo fazia todo o meu corpo tremer.

Escuridão. Todas as luzes se apagaram. Nesse momento eu me senti totalmente à vontade. Totalmente livre. Eu era a própria luz em meio a escuridão. Eu estava em casa.

Saulo Estêvão Marques Machado

2 comentários:

  1. Ir, sempre um mal.
    Ficar é encher nosso mundo com Caos.
    Ser e querer não são
    sinonimos de felicidade e poder.
    Isto é Eu, Tu e Nós.
    Luminozidade e escuridão...
    Somos os deuses da criação.

    ResponderExcluir

Gostou? Sentiu? Chorou? Sorriu?
Comente! =D

Postagens populares